terça-feira, 12 de maio de 2009

Viva a biblioteca mais antiga da América Latina

Foto: Jornal A Tarde (www.atarde.com.br)


A edição do jornal Correio dessa terça-feira (12) me fez recordar alguns bons momentos. É que hoje, 13 de maio, é aniversário da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (localizada nos Barris) e agora ela completa 198 anos com um grande presente do Ministério da Cultura. De acordo com a matéria, são R$ 1,2 milhão em verbas a serem investidas na nossa querida Biblioteca Central. O grande professor Bira Castro deve estar muito feliz por poder aplicar a cifra na modernização daquele espaço que é de todos nós, baianos que prezamos pela cultura.

Bom, quantias à parte, os únicos números que contarei agora são os anos que pude contar com a estrutura e os serviços oferecidos pela Biblioteca.

Lá se vai mais de uma década. E foi justamente em 1994, aos treze anos, que conheci esse lugar que ainda hoje me encanta. Eu cursava a sexta séria e foi para cumprir uma atividade passada pela professora Deusdedite - que lecionava a disciplina de Geografia no Colégio Estadual Otávio Mangabeira, onde estudei da quinta a oitava série – que eu, Danilo (Feijão), Kátia e Demétrius seguimos até a sede da biblioteca. Foi a primeira vez que visitei o centro da cidade sem meus pais. Tudo era novo e o caminho entre a Lapa e os Barris parecia nunca acabar. Foi-se aquele trabalho e depois de três anos eu passaria praticamente todas as manhãs naquele bairro, ao lado do grande prédio de cinco andares onde só se respirava cultura.

Entre 1997 e 1999 estudei no Colégio Estadual Senhor do Bonfim, ali bem do ladinho da Biblioteca Pública. Quantas vezes eu e minha amiga Andréa Freitas estivemos naquele lugar revestido de cultura em forma de jornais, revistas, livros e apresentações teatrais? Íamos lá para pesquisar, discutir trabalhos e até mesmo para jogar conversa fora no jardim daquele prédio que tem um formato peculiar: uma edificação praticamente quadrada, porém com uma grande área aberta ao centro.

Posso até dizer que essa construção se assemelha a um forte. Mas lá a função não era utilizar faróis para iluminar os navegantes que chegavam em embarcações, nem, muito menos, proteger o território baiano, brasileiro e por algum tempo português. O que sei é que aquele era um forte - ou uma força, impulso – que levava a luz às nossas mentes e nos defendia do mundo da ignorância, das trevas, da mediocridade.

E foi justamente para correr do mundo das trevas que estudei JORNALISMO. Nessa época (entrei na faculdade em 2004), o computador conectado à internet já era realidade no ambiente em que eu vivia, sem contar que a vida começava a ficar corrida demais. É, acredito que as bibliotecas (em especial a Biblioteca Central) passaram a sentir falta dos estudantes que, como eu, deixaram de frequentá-las para viajar pelo mundo interligado pelas fibras óticas.

Mas quem pensa que a história de hoje parou por aí está enganado. e que a Internet tomou conta de mim e de um certo Alex Mendes está enganado. Apaixonados pela história do mundo, da nossa terra e da nossa profissão, nos juntamos, sob orientação da queridíssima professora Sonia Serra (jornalista e pesquisadora, PhD em Comunicação pela Universidade de Londres) para enfrentar o desafio de encerrar o curso de Jornalismo defendendo uma monografia nos moldes da pesquisa em História do Jornalismo.

Estudamos o primeiro século da imprensa baiana (de 1811 a 1911). Nesse momento a famosa Biblioteca Pública do Estado da Bahia aparece mais uma fez para contribuir com a minha vida – agora nossas vidas, já que não era apenas o meu futuro que estava em jogo. Eu e Alex, não necessariamente juntos, passamos semanas debruçados sobre alguns livros e muitos jornais, isso porque o material microfilmado ainda é insuficiente para pesquisas mais extensas e também porque, na época (segundo semestre de 2007), os leitores de microfilmes estavam quebrados.

Trabalhávamos usando luvas e máscaras, mas, apesar do grande cuidado, alguns periódicos (inclusive uma série de exemplares com quase 200 anos) se desmanchavam nas nossas mãos enquanto cuidadosamente folheávamos as páginas daquelas valiosas fontes de informação. Isso nos doía o coração. E é justamente por isso que fico feliz com o presente que a nossa Biblioteca Central acaba de ganhar. Do fundo do meu coração, desejo que o investimento público garanta a perpetuação do grande e relevante acervo de periódicos raros, guardado com tanto carinho e perícia pelos bibliotecários desse órgão.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto.

    Já andei muito nessa biblioteca. Pois já estudei no colégio da esquina, dessa mesma rua, mas na época se chama Santa Marta.

    Adorava ir lá com minha tia, principalmente pelo teatro de fantoches.

    Mas falando desse dinheiro, tomara que ele realmente seja todo investido na lá e não seja desviado pelo caminho!

    Bjus!

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